DIA DA MULHER NEGRA

Almerinda Farias Gama: alagoana e liderança negra entre sufragistas em 1930

Ela participou da eleição de 1933 e integrou a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino.
Por Redação 25/07/2024 - 07:24

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CPDOC/FGV/CPDOC/FGV
Almerinda Farias Gama na eleição de representantes classistas para a Assembleia Nacional Constituinte de 1934
Almerinda Farias Gama na eleição de representantes classistas para a Assembleia Nacional Constituinte de 1934

"Eu sempre, por instinto, me revoltei contra a desigualdade de direitos entre homem e mulher." A frase foi dita pela alagoana Almerinda Farias Gama (1899-1999), uma mulher negra que se destacou ao atuar como liderança no movimento sufragista na década de 1930. Nascida em Maceió, em 16 de maio de 1899, ela se mudou para o Pará aos 8 anos, após a morte do pai.

Durante sua infância no Pará, Almerinda passou nove anos sem frequentar a escola, aprendendo habilidades domésticas como bordado, crochê, costura e piano. Em 1923, casou-se com um primo, mas ele faleceu de tuberculose dois anos depois. Almerinda teve um filho desse relacionamento, que também morreu na infância.

Em 1929, Almerinda mudou-se para o Rio de Janeiro com o objetivo de conseguir um emprego melhor remunerado. Trabalhando como datilógrafa, ela se juntou à Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, liderada por Bertha Lutz, e continuou sua atuação pelos direitos das mulheres, iniciada em Belém.

No Rio, Almerinda consolidou sua atuação como jornalista, escrevendo reportagens sobre a questão feminista. "Foi assim que, então, eu continuei na imprensa sempre a lutar pela emancipação da mulher, e, pelo lado prático, fazendo questão que pagassem sempre o valor do meu trabalho", afirmou no documentário "Almerinda, Uma Mulher de Trinta", de Joel Zito Araújo.

Título de eleitor de Almerinda Farias Gama - Administrador/FGV CPDOC

Em 1933, Almerinda e Bertha Lutz fundaram o Sindicato dos Datilógrafos e Taquígrafos, e Almerinda foi a primeira presidente da entidade. Naquele período, houve a representação de deputados classistas na Assembleia Constituinte. Almerinda foi a única mulher, entre 272 candidaturas, a participar daquela eleição.

No ano seguinte, em 1934, ela se candidatou para a Câmara dos Deputados, mas não conseguiu ser eleita. Porém, sua participação foi um marco na história das mulheres na política.

"Eu achava que o voto era uma arma que nós tínhamos para poder ingressar no recinto onde se discutiam esses assuntos", afirmou Almerinda em entrevista disponível no minidocumentário "Almerinda, A Luta Continua", do CPDoc/FGV.

No dia 25 de julho, celebra-se o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha, instituído em 2014 no Brasil como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra.


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